sexta-feira, 30 de julho de 2010

Gene







Um comportamento infame
Um descaso consigo mesmo
E o senso crítico aguçado
De uma sociedade asquerosa.
O seu ‘EU’ manifestado
Sem pudor e ao desmazelo
Gera opiniões sutis.
Por conseqüência
Mais pancadas sociais.

_ Reflexão
_ Angústia
_ Lágrimas
_ Mea culpa

Em meio àquela autoflagelação
Pairava o olhar atônito da genética
Sem entender patavina.


Jairo Cerqueira

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Desconhece-te a ti mesmo






Quando Pítia, em transe
Foi usada por Apolo
Uma noção dúbia
Penetrou num crente
Que visitava o Oráculo.
Mas seu coração acionado
Emocionou a razão
E a dubiedade comprimida
Se transformou em certeza.

Assim, professou-se a fé.

Mas o meu corpo em êxtase
Ao ser negado por Ela
Vendo a razão sendo viva
Num coração sem cabeça
Tornou-se forte e seguro.
Favorecendo a mim mesmo
A negação diluiu-se
E mascarada num véu
Me embriagou de esperança.

A isso, chamou-se querer.

No Delfos dessa loucura
A paixão, a fé e a ‘querência’
São providências distintas
De um coração desejoso.



Jairo Cerqueira


segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Poder bajulador


                                            
                                                                  por Amanda Mara- Moment In Time...

Ele esqueceu que podia viver pra si e se dispôs a viver pra o chefe. Concluiu o segundo grau, mas graduou-se com louvor na arte da bajulação. Esguio, forte e musculoso, dedica-se diariamente ao trabalho intelectualmente ‘braçal’: assim, passa a vida a “puxar sacos” e, com o fruto desse suor, defende veementemente o seu sustento. Cuidadoso ao extremo, está sempre atento e pronto para falar com rigidez, “SAÚDE!!!”, antes  de  um provável “atchim!” do seu querido patrão. Sua postura é altamente fabulosa, é de deixar qualquer Pato Donald furioso, enciumado e depressivo. Sua fala eloqüentemente semântica está sempre pronta para defender, com unhas e GENGIVAS, as besteiras proferidas pela parca intelectualidade do seu ídolo. Mas, ele é craque mesmo é no “POIS, É!” O que seria dele sem essa exclamação? É nela que está o seu deleite; a repetição contínua dessas duas palavrinhas é uma forma d'ele participar de qualquer diálogo de cúpula, e ao mesmo tempo não dizer absolutamente nada palpável.
Assim, ele vai vivendo, morrendo de amores pelo chefe. Sim! Pelo chefe; aquele a quem ele escolheu para criar e cultivar vínculos convenientes para viver uma vida maliciosamente dependente. É realmente um homem – um bicho homem -, um animal que pela sua força e vigor físicos, vive a “puxar sacos”. Em sua existência, uma peculiaridade: sua dieta se resume apenas ao consumo de ovos. Porém, por não possuir 75% da sua arcada dentária, passa a vida a babá-los.


Jairo Cerqueira

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Desfragmentação mental













Numa mesinha de bar
Um copo meio cheio
Uma cerveja que fala
Um olhar calmo rumo ao horizonte

Uma CPU em transe desfragmentativo
Se deleita com os ultravioletas
Enquanto o seu lento rebuscar de arquivos
Tenta a centralização de que é SER.

Pássaros, ventos, ondas sobre o cais
Barcos que deslizam sobre a pele salgada do mar
E o Sol acabando de se pôr ao NORTON do globo
Determinava o final da ação do antivírus
Que vasculhava ferozmente
As inutilidades verbais adquiridas
Pelos impiedosos tsunamis midiáticos.

Jairo Cerqueira

terça-feira, 6 de julho de 2010

O andarilho e o modismo




                      
                       Ele caminhava triste e solitário pelas ruas,
                       E alguém o saudava por modismo:
                       __ Como vai você?                   
                       E ao parar para dizer que estava cheio de problemas,
                       Viu que o indagador já se encontrava bem distante.

                       Ele segue então o seu caminho, e ao encontrar outra pessoa

                       Evita ser indagado, portanto, avança e cumprimenta:
                       __ Como vai você?
                       Alguém subitamente responde:
                       __ Estou ótimo! 
                       Aproveitando-se daquele momento “propício”
                       O necessitado pede de forma comovente:
                       __ Poderia então o amigo me dar uma ajuda?
                        E a reação do “otimista” foi sarcástica:
                        __ Se você souber dos meus problemas, você chora!
                        Sem muito entender; carente e isolado em seus problemas
                        O andarilho chora...
                        Logo, alguém que observava o diálogo,
                        Vendo-o chorando pergunta-lhe curioso e desavisado:
                        _ Como adivinhou o problema daquele homen?
                        E nesse momento, o necessitado andarilho, simplesmente
                        Enlouquece.


                                                          Jairo Cerqueira
                                                                             Em: um dia qualquer de 2002. 




                       

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Desejos



                  

                 


                  Quero explorar a geografia do seu corpo
                  E passar por caminhos já percorridos (não me importo!).
                  Então poderei perceber que neles
                  Existem trechos que não foram tão levados a sério.
                  Aí, provavelmente alguém como eu...
                  Que buscou por muito tempo fazer esta viagem
                  Descobrirá junto contigo, que em nossas vidas...
                  Existem encontros inevitáveis.
                  E em nossos corpos, prazeres alucinantes.

                  

                            Jairo Cerqueira