sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Antítese









Embriagado de necessidades
Desesperado pelas carências
Saio à rua a divagar
E devagar vou derramando
As sobras do que me faltou

Expiro, penso, reflito:
“Acho que morri... um pouco”! (não muito)

Aproveito o que ficou desse óbito inacabado
E então, enfraquecido e impotente
Vou aos poucos me refazendo

Suspiro, tenso, conflito:
“Acho que não morri... ainda”!

Ressaqueado de necessidades
Acalmado pelas carências
Entro na rua devagar
E rapidamente vou catando
As faltas do que me sobrou

Aproveito o que restou dessa vida inacabada
E então, fortalecido e potente
Vou aos poucos me desfazendo

Respiro, denso, admito:
“Acho que não vivi... plenamente”!



Jairo Cerqueira

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