quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A escola pede socorro







A escola abriu os braços e clamou por socorro. Era mais um início de ano letivo e nada de novo aparecia, senão, o tipo das fardas a serem usadas por aqueles alunos que serviriam de modelo para incrementar o seu aspecto visual, um tipo assim de “marqueting de identidade”. Foi uma coisa deprimente; a escola gritava, e aos prantos entristecia-se mais e mais. Ao notar que seu clamor era extremamente imperceptível, não lhe restou outra coisa a não ser compreender que sua ação era tão patética quanto inútil. “Quero mudar!”- dizia ela.
Mas, para realizar o seu desejo, a antiga e arcaica escola precisava de uma ação corajosa e racional dos que lhe geriam: desde o topo até a base. No topo, sempre alguém com autonomia. Autonomia suficiente para fazer tudo que for necessário para não mexer nas estruturas de onde originou o seu cargo.


“Senhoras e senhores, a escola tem o asco de lhes apresentar o seu principal gestor... o TECNOBURROCRATA!”.


Na base, figuram os professores. Responsáveis pela aplicabilidade das ações pedagógicas, eles foram e continuam sendo escravizados pelo sistema ao qual se põem a criticar redundantemente em todos os cursos de especialização que fazem; mais por uma questão de status, que, pela necessidade de renovação do saber.
Sob o topo e a base, encontram-se os alunos. Esses recebem o produto de um trabalho com base na seguinte equação: (Q+A:B-Q=M=>I) Quantitativo (nota) + Assiduidade : Bom comportamento Questionamento = Mentira => Imbecilização. Porém, muitos deles acostumados a degustar essa “ração intelectual”, passaram a gostar, e inclusive brigar com alguns poucos profissionais que se arvoram a tentar incluir a reflexão e a construção como uma forma de tirá-los desse impiedoso esmagamento. Eles descobriram que mesmo esmagados, conseguirão atingir suas metas: por as mãos no tão venerado diploma.
Em meio a todos esses acontecimentos, a escola então, vendo-se na condição de dependente, segue o curso de sua história, inerte, passiva, inoperante; sendo um local chato, uma tribuna de discursos prolixos e repetitivos: “chamada, dever, lição e nota”, fórmula ideal para se fazer um idiota. O que lhe resta é adormecer, ser permissiva e esperar que aqueles que “podem” fazê-la diferente, realmente queiram sair do lugar comum em benefício da transformação desse quadro arcaico e deprimente.
Enquanto isso não acontece, você aluno! poderá encontrar em algumas escolas um túmulo escrito: “Aqui, JAZ a educação!”. E se por ventura na sua não houver, não se precipite em achar que ela ali vive. Antes de qualquer crise de otimismo, pense na possibilidade de sua instituição ser tão descompromissada que não se deram ao trabalho nem de sepultá-la. Ficando a pobrezinha enterrada em qualquer lugar como indigente. 








                                                      Jairo A. de Cerqueira  20/01/05                                                      

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