quinta-feira, 6 de maio de 2010

Um odor maltado na memória






O perfume
Que invadiu minhas narinas
Numa tarde cinza,
Friorenta e nuvolosa
Se misturou
Ao whisky que eu sorvia
Extasiado
Pelo som de Malagueña.
Por um momento
Percebi com a saudade
Alguma coisa
Meio assim, angustiante
Pois, a ternura
Ternária de Malagueña
Estraçalhou sem piedade
Minha memória.
Essa lembrança
Sopranada em LÁ menor
Fez levitar
As plumas plúmbeas do desejo.
Um outro gole
De whisky com teu cheiro
Embriaguez
De inspiração e sofrimento.


Jairo Cerqueira

5 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Parabéns pelo estilo e singelo espaço, te sigo, caro!

Jairo Cerqueira disse...

Valeu pela visita, Cristiano. Volte sempre!
Um abraço.

Juscelino Mendes disse...

O que faz levitar mesmo é este belo poema, regado à sensibilidade e bom gosto.

Grande abraço.

Sérgio Araújo disse...

Jairo,

É como você me disse hoje, que a música tem um poder enorme sobre as pessoas.
"Embriaguez", "inspiração" e "sofrimento" está tudo no mesmo copo.
Abraço.

Jairo Cerqueira disse...

É sempre um prazer ler os seus comentários, Juscelino. Um abraço.

É isso aí, Serjão!