terça-feira, 14 de setembro de 2010

O poder da plebe no horário nobre

                        

                                                  
                              


Silêncio! Vai começar a novela.
É preciso ter muita atenção para não perder nenhuma cena. Quando ela começa os antenados se enchem de expectativas; suas veias pulsam e logo surgem as indagações, ou pseudo-indagações:
“Será que ele vai ficar com ela?”
“E o filho, é mesmo dele?”
“Eles são realmente irmãos?”
São perguntas feitas com o intuito de ouvirem a uma só resposta, aquela que cada um já trás dentro de si.
Na maioria das vezes, para essas pessoas, o novo faz muito mal: frustra, incomoda e até baixa a auto-estima. Portanto eles esquadrinham o que querem e o que precisam ver e ouvir.
Como resultado dessa arte áudio visual, muitas vezes artificial, tendenciosa, desconcatenada e surreal, surge um tipo de envolvimento popular alienante e aculturado.
Que nenhum autor se ponha a modificar a base dos enredos; se assim o fizerem, serão vitimados pelo baixíssimo nível de audiência e condenados ao esquecimento pela implacável opinião pública. Para que isso não aconteça e desencadeie uma queda de expectativa popular coadjuvada pela existência desses temas genéricos e contumazes, aí vão algumas sugestões aos autores:

Se Ele for o galã... tem que ficar com Ela.
O filho... verdadeiramente tem que ser dele.
- E por fim:

Se eles só se beijaram, menos mal. Mas se transaram... 
Peeelo amooor de Deeeeus: não os deixem ser irmãos.



                                                                                                          Jairo Cerqueira 
                                                                                                          03/03/2005