terça-feira, 6 de julho de 2010

O andarilho e o modismo




                      
                       Ele caminhava triste e solitário pelas ruas,
                       E alguém o saudava por modismo:
                       __ Como vai você?                   
                       E ao parar para dizer que estava cheio de problemas,
                       Viu que o indagador já se encontrava bem distante.

                       Ele segue então o seu caminho, e ao encontrar outra pessoa

                       Evita ser indagado, portanto, avança e cumprimenta:
                       __ Como vai você?
                       Alguém subitamente responde:
                       __ Estou ótimo! 
                       Aproveitando-se daquele momento “propício”
                       O necessitado pede de forma comovente:
                       __ Poderia então o amigo me dar uma ajuda?
                        E a reação do “otimista” foi sarcástica:
                        __ Se você souber dos meus problemas, você chora!
                        Sem muito entender; carente e isolado em seus problemas
                        O andarilho chora...
                        Logo, alguém que observava o diálogo,
                        Vendo-o chorando pergunta-lhe curioso e desavisado:
                        _ Como adivinhou o problema daquele homen?
                        E nesse momento, o necessitado andarilho, simplesmente
                        Enlouquece.


                                                          Jairo Cerqueira
                                                                             Em: um dia qualquer de 2002. 




                       

11 comentários:

Almirante Águia disse...

Pois é caro Jairo, quanto mais nos modernizamos, mais longe ficamos dos relacionamentos sinceros, "bom dia" e "boa tarde" são meros bips, que utilizamos ao nos aproximar do outro.

Jairo Cerqueira disse...

É justamente isso, Almirante. Temos tantos modelos que ficamos sem saber qual é a verdadeira matriz.
Um abraço.

Ianê Mello disse...

É assim mesmo, quando precisamos, as pessoas fogem, tem medo de se envolver em problemas.
Como se todos nóa nãoó tivéssemos, né?

Lindo poema, Jairo. Bjs.

Greyce Kelly Cruz disse...

eu achoq ue esse não foi o momento de loucura e sim o de sanidade...
embora ele não pudesse compreender ele tava transbordadno esse problema ou aquele problema do outro...
e não se deu ao luxo de disfarçar
lindo
e a mensagem é ótima

Jairo Cerqueira disse...

É por aí mesmo, Ianê. Todo mundo quer ir pra o céu, mas ninguém quer morrer.

Jairo Cerqueira disse...

Bela visão paradoxal, Gookz.
Vlw!

Ricardo Fabião disse...

Hoje eu arrisco dizer que sensibilidade é para poucos.
O poeta, o pensador, tem esse olhar, esse ouvir, esse tocar; ele denuncia, alerta, espalha textos e poemas como se fossem placas da sinalização. Ainda assim, o trânsito do egoísmo e do individualismo é congestionado, 'os menores' são atropelados, esmagados, deixados nas estradas até que apodreçam.
O mais irônico disso tudo é que os 'maiores' não sabem que estão na verdade atropelando a si mesmos.
A engrenagem é uma só; emperrada nunm ponto ela não avança, não evolui, enferruja, estagna.

Bela, reflexão, Jairo.

Abração.

Zélia Guardiano disse...

Gostei muito, amigo Jairo! Muito!
Texto super interessante, que nos conduz à reflexão...
Grnade abraço!

Jairo Cerqueira disse...

Ricardo e Zélia, um beijo no coração de vocês.
Vlw!

Anônimo disse...

Olá! amigo Jairo. Como vai você? você sabe! De mim não é modismo e ainda que rime não é clichê. Observo o quanto e como somos privilegiados, nos encontrando por aqui e nos detendo para esses diálogos. Reparei também, "como advogado do diabo" que o mendigo não é exceção, também ele, estava totalmente absorto em si mesmo, nos próprios problemas...

Luciano Zamboni disse...

Só enlouquecendo mesmo.
Mas essa é uma questão dificil, pois quando perguntam se está tudo bem, as pessoas evitam dizer a verdade.
Mas a maioria não está interessada no problema dos outros, mas estão interessados em dizer como estão mal.

Um abraço