quinta-feira, 15 de abril de 2010

Retinas aladas

Um vislumbramento de possibilidades
O deslumbramento de visões profundas
E o digladiar de cenas controversas
Proporcionam um eterno sonhar
Num transmutado “esperar” onírico
E os seus contrários reveladores

Mas com poeira nesses pára brisas
Os olhos tensos e astigmáticos
Percebem opacos todos os cenários.
Se come gato pensando ser lebre
O que não é quente sempre será frio
O que é possível passa a ser miragem.

Atravessando com os olhos sedentos
Povos marcados indo a passos lentos
Enxergam só o que está pela frente.
Com o pó da estrada em seus pára brisas
Seguem irrigando em lerdos camelos
Os desertos fúteis da malemolência.

Para os que pensam as coisas de outro modo
O calabouço da moralidade
Reserva um quarto em sua hospedaria.

Mas aprendendo a resistir ao chulo
O homem “livre” vai se libertando
Das romarias em Saaras fétidos.

Em marcha lenta seguem os beduínos
Sem vislumbrar esse sonhar futuro
Deixando as asas pros quase reféns.

Que mesmo assim, sem alçar vôos plenos
Vão sempre à frente dos que vão morrendo...
Curtindo a vida pelos seus atalhos.


Jairo Cerqueira       


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