terça-feira, 25 de maio de 2010

Viagem helicoidal






Saiu de um túnel escuro

Rodopiando feito louca

Penetrou num mundo louco
Sem as suas vestes cilíndricas
Rompeu moléculas de oxigênio
Esmagou ácaros e bactérias
E delirou com a rapidez dos fatos
Viu pessoas, casas e ruas
Não foi vista por ninguém.
Não dimensionou o quanto foi cruel
Ter saído do seu mundo, ou pior...
Ter entrado nele.

Cravou no peito de um ser vivente
Embriagou-se com sangue venoso

E sem entenderem a essência do fato

Partiram juntos sem saber pra onde

Morreram juntos sem saber por quê.

Maldito seja o dedo cruel que apertou o gatilho.


Jairo Cerqueira

14 comentários:

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Jairo Almeida de Cerqueira

POESIA ALQUIMICA,
ADOREI LER VOC6E,
PARABÉNS
Efigênia

Sérgio Araújo disse...

Valeu, Jairo.
É tudo muito louco mesmo. Talvez louco seja pouco ou tudo é um pouco louco. Mas a poesia é a suprema loucura.

Abraço.

Gerana Damulakis disse...

Instigante. E forte. Bom mesmo, Jairo.

Bípede Falante disse...

Jairo, fui lendo como poesia. E no final descobri um conto. Muito bom e criativo, diferente.

Jairo Cerqueira disse...

Efigênia, disseste bem!
Valeu, Serjão. É tudo muito 'hospicioso', rsrsrs
Gerana e Bípede: vocês são d+. Vlw!

george araújo disse...

chegou ao túnel branco?

parabéns jairo.
sucesso
>>

Jairo Cerqueira disse...

Vlw, George. O túnel branco é uma possibilidade. rsrs Gostei da ação interpretativa.
Obrigado pela visita.
Um abraço!

Ricardo Fabião disse...

Gosto das narrativas a partir da perspectiva do objeto; pois acredito em sua necessidade de repetir os passos humanos, na medida em que entregamos nossas vidas aos seus desenhos e engrenagens.
Os objetos são tão vivos quanto pode nossa insanidade, e padecerão do mesmo descaminho humano.

Nesse sentido toda bala é perdida, bem como aquele que dela faz uso.

Ecelente descrição!
Você, como sempre...

Abração.
Ricardo.

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Jairo Almeida de Cerqueira,
relendo estes versos alquimicos, e agora jâ em terras Brasileiras,

Efigenia Coutinho

Jairo Cerqueira disse...

Seja muito bem vinda, Efigênia.

Betusko disse...

Jairo,

Estilhaços de uma pistola na paisaem urbana.
Poema forte.
Abraços

Jairo Cerqueira disse...

Valeu pela visita, companheiro. Apareça sempre que quiser!
Um abraço.

Art'palavra disse...

Neste momento só o teu poema me socorre de uma dor guaranietzcheana. As vezes fica dificil existir. Bjos.

Jairo Cerqueira disse...

Sua visita é um privilégio, Grauninha.
Seu pouso nesse espaço é sinônimo de engrandecimento literário.
Paz em Ñanderu!